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Zbigniew Preisner, música do filme “The Beautiful Country” (2004)



quando estás mais longe, e a névoa sobe veludina e litorânea rente às azulinas escarpas, subo lentamente as escadas do labirinto das nossas memórias e entro no sótão esquecido de todas as reminiscências, utilizando a chave de cristal que um dia recebi da concha aberta da tua mão generosa.

abro então as arcas encouradas uma a uma, aonde furtivas se enclausuraram as nossas alegrias e mágoas, e onde os doces sorrisos se caldearam, nos dedáleos meandros da memória, com a saudade que orvalha e magoa e jubila na dispersão dos dias. na convergência dos segredos, sento-me em seguida numa cadeira de balouço envelhecida, e reabro os livros velhos e leio as cartas antigas, para mim sempre novas, como se pétalas frescas e perfumadas de rosas vermelhas eternamente renovadas.

depois, tu entras pelo silêncio da noite e sentas-te a meu lado, e sorris-me. no ardor das horas mansas que não morrem, ao som de uma qualquer estação de vivaldi, de uma sinfonia de beethoven ou de uma sonata de bach. com perfumes a cravo e magnólia, lentamente rescendendo das arcas de todas as memórias. e ali ficamos de mãos dadas, por dentro do nosso silêncio cíclico, até que jano abra, pela alvorada azul das estrelas, as portas a um novo dia.