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omnia vincit amor



omnia vincit amor



é brisa é eco raiz lamento
e no entanto não chora nem ecoa
antes ruge e troa tão pungente
tão indefinido quão incerto e transparente
que não é chuva nem é fogo nem é vento
é antes e tão-somente uma furtiva lágrima
um sentir de poeta um reflexo de luz intenso
tão demorado tão oculto e tão dolente
e é de tal forma e de tal sorte tão premente
que ressoando clandestino pelo peito
sentindo-se contudo não se sente
e ardendo todavia não se extingue


Nota: o título do meu escrito, "omnia vincit amor", foi retirado do verso 69, da Écloga X, de Virgílio.




Pyotr Ilyich Tchaikovsky - "A Bela Adormecida" (1889) - frag. "Panorama"





Cavalos da luz e do vento



Dizes-lhe que chame a si o pégaso de asas de oiro e o unicórnio de crinas de alabastro, a que chamas os cavalos da luz e do vento, que, na sua pureza e justiça, e flanqueando todos os abismos, a levarão para bem longe das suas angústias, mágoas e pesares, e a conduzirão ao reino transparente do fantástico, onde abundam o amor, o mel, o leite e o vinho ático da sabedoria e da ternura, e onde não há adversidades, nem desafectos, nem desventuras. Dizes-lhe, também, que coloque no Pégaso e no Unicórnio, respectivamente, uma brida de prata e outra de oiro.

Acrescentas que nesse reino cada vento pertence a um só quadrante e cada quadrante a um só vento, por forma a que ela possa determinar o perfume exacto em cada ângulo. Assim, o aroma doce do zéfiro será diferente do brando perfume do galerno, e a fria fragrância do bóreas distinta dos odores acres e abafados do desértico e arenoso suão ou do austero e sibilante vulturno.

Dizes-lhe, ainda, que não se preocupe em saber qual o caminho a seguir, e que deixe tal tarefa aos cavalos da luz e do vento, pois que eles e só eles conhecem os quadrantes de onde emanam os excelsos aromas das flores e das palavras, que são os que conduzem à serenidade, à paz e ao amor.

Não usará sela, nem estribos, nem botas, nem esporas, nem puxará as bridas de prata e de oiro, porquanto elas são, tão-somente, um adereço exigido pelos cavalos da luz e do vento como preito à dignidade e nobreza dos seus equivalentes terrestres.

Cavalgará de dia o fulgurante unicórnio, e logo que Vénus se acenda no poente, montará o possante pégaso, até que o Sol incendeie de púrpura e violeta os arrebóis da madrugada, altura em que desmontará e subirá de novo para o dorso veludíneo do unicórnio. Assim fará durante três dias e três noites, ao fim dos quais entrará no reino encantado da Música e da Poesia, onde Apolo e Calíope, ao som de sonatas e poemas declamados, passeiam de mãos dadas sob o sol dos tempos, por entre as flores dos cômoros e das alfombras aveludadas do Olimpo.

Peregrino, in "O Templo das Palavras Esquecidas"


Vicente Emilio Sojo (Venezuela, 1887-1974)
Cinco Piezas Venezolanas - I,Cántico (1940)



sueño



baja carmíneo el sol en la montaña fría,
mientras en mi piel el rojo vino
sangra en la ilusión de la rubra aurora.
en mis ojos la visión serena, mía,
del rocío de la madrugada que llora
por ti lágrimas de amargada nostalgia.


en mis anhelos tengo la mirada clara
de tu cuerpo desnudo, albos senos al viento,
altos cumbres, que una vana quimera
convierte mi fantasía en vil tormento.


flagro en alcobas de vagos doseles,
de rúbeos veludos volitando al cielo,
en áridas colinas, yermos vergeles
de ausente placer en noche de breo.


en lunas de plata y en soles de oro,
cabalgo sin descanso noche y día
buscando tu olimpo, divinal tesoro,
para levarte hacia la secreta playa,
y, en la pureza de la llama que me consume,
besarte, mi alma, antes que la mía se vaya.