Richard Strauss, “Assim falou Zaratustra, opus 30”, fragm. “Amanhecer” (1896).
Madrugada
se escutares
a voz de silêncio das estrelas,
ouvirás dizer que tu chegaste.
que chegaste nas asas do galerno,
essa corrente eterna
de ar oloroso e fresco
que sopra do mar.
e se olhares para trás,
para o rasto perfumado dos teus passos,
verás nos rostos dos que te seguem
o espelho cristalino do teu sorriso
solto no céu anil da madrugada.
[se te disser que chove na noite dos meus olhos
e que neva na madrugada do meu coração, não te minto.
são frases tão correctas como correcto é dizer-te que o quarto de lua
cavaqueia neste momento com a bela sadalmelik na constelação do aquário
e que o sol cintila, na sua luz branca, constelado pelo carneiro,
enquanto júpiter adormece, lânguido, no asterismo do sagitário.]
(29ABR2008, 22:00 horas)