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Joaquín Rodrigo – “Concierto de Aranjuez” 2º Mov.
Interpret. à guitarra, Paco de Lucía (epdlp)




e todavia...



tudo volta ao princípio:
as flores, as pedras, a bruma, a tempestade...
e cada grão de tristeza
de que é feito o meu corpo
é levado pelo vento
e é-me devolvido pelo mar.
assim hoje,
tal como ontem e amanhã,
em ciclo,
incessantemente.


morrer leva tempo.
o tempo exacto de morrer devagar.
morri ontem, morrerei amanhã,
e no dia seguinte serei pedra, gelo, cinza, lava...
não sei onde mora o regresso.
só sei das folhas de outono e
das flores de inverno.
não das da primavera.


ainda que não chova,
outono-me na noite fria,
sem bússola nem polar,
por entre a neblina e as árvores.
divago assim dentro do inverno adiado
e adagio-me em arco sobre as cordas
tensas de um violino amargurado,
como se uma lia de veludo a partir-se.


[entanto, há tanto frio e tanta chuva morta,
e tantas folhas molhadas, perdidas de inverno,
penetrando oblíquas pelos umbrais da minha porta!...]