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Arcangelo Corelli, "12 Sonatas para violino, violoncelo e clavicórdio"
Fragmento "nº 12, La Follia" (1700).




Geometria


Hoje não falarei, meu amor,
das essências do Oriente
nem da ambrósia que rocia os teus lábios.
Tão-pouco referirei
os capitosos elixires
do amor e da existência,
ícones sagrados da tua presença.

Hoje quero falar, e só,
da geometria acesa do teu corpo
e da gramática estilizada dos teus lábios,
onde paira a divina parábola.
Quero que saibas
que os teus olhos acendem os meus
e que meus dedos buscam nos teus
o alfabeto rosa
com que costuro as palavras.

Hoje quero falar da geometria
das colinas onde crescem as cerejas,
da planície e do monte do desejo,
do teu sangue quente,
que conduz nas minhas veias
o consolo e o alento.

Hoje quero falar dos ramos da hipérbole
que convergem na tua cintura de deusa grega,
das curvas elípticas dos teus lábios,
da linearidade do teu carácter,
da textura aveludada da tua pele,
do calor do teu corpo,
que me abriga e dá prazer;
do trigo do teu cabelo,
do aroma dos teus lábios
e da cintilação dos teus olhos
à luz azul-rosa dos néons da alameda.

Hoje não falarei, amor meu,
de néctares nem de filtros,
nem de essências do Oriente;
tão-pouco vou falar do azul do céu,
do etéreo timbre dos violinos de Corelli
ou do sonho que me prende, recorrente.
Hoje quero, amor, que ouças apenas, e tão-somente,
a geometria das coordenadas do meu silêncio...

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