Escrevo-te a tinta virtual
Sem forma, nem gesto, nem face,
como tinta de sangue que lacera as penas
nos abismos de uma enorme ferida,
a luz purpúrea e equinocial do cair da tarde
penetra como um espinho na minha carne.
Escrevo-te a tinta virtual.
Imperceptível, mas indelével.
O papel, um cristal de vídeo
numa floresta de sons mudos
vestidos da distância que traja
a dor imperecível da saudade.
Escrevo-te a tinta de água.
As minhas pálpebras piscam
sobre a íris fatigada
na perscrutação do horizonte líquido
de que se revestem as lágrimas.
Escrevo-te, pois, a tinta de sal,
imaginando que te vejo
através da bruma vermelha
que beija o mar e a areia
nos espelhos de silêncio
que purpurejam o ocaso.
Como vento bramindo rente ao velame
de um navio sem roteiro e sem escala,
os meus dedos fustigam as claves mudas
enquanto te sonham lume e verbo
no recuo da tarde frente à noite escura.
Escrevo-te, assim, a tinta de sangue.
A tinta de sangue te escrevo
nos umbrais do incêndio em que anoiteço.
Sem forma, nem gesto, nem face,
como tinta de sangue que lacera as penas
nos abismos de uma enorme ferida,
a luz purpúrea e equinocial do cair da tarde
penetra como um espinho na minha carne.
Escrevo-te a tinta virtual.
Imperceptível, mas indelével.
O papel, um cristal de vídeo
numa floresta de sons mudos
vestidos da distância que traja
a dor imperecível da saudade.
Escrevo-te a tinta de água.
As minhas pálpebras piscam
sobre a íris fatigada
na perscrutação do horizonte líquido
de que se revestem as lágrimas.
Escrevo-te, pois, a tinta de sal,
imaginando que te vejo
através da bruma vermelha
que beija o mar e a areia
nos espelhos de silêncio
que purpurejam o ocaso.
Como vento bramindo rente ao velame
de um navio sem roteiro e sem escala,
os meus dedos fustigam as claves mudas
enquanto te sonham lume e verbo
no recuo da tarde frente à noite escura.
Escrevo-te, assim, a tinta de sangue.
A tinta de sangue te escrevo
nos umbrais do incêndio em que anoiteço.