Camille Saint-Saens, "Danse macabre, opus 40" (1874)
(estreada no Teatro da Corte de Weimar em 2DEZ1877)
(estreada no Teatro da Corte de Weimar em 2DEZ1877)
(…)
Praias do Índico, idos de 2001.
Aqui, quando quente e húmido o vento sopra do largo, é Natal. E as chuvas da Monção abatem-se sobre o hotel e recordam-me a noite tempestuosa e bela em que nos tivemos nos braços um do outro. Lembras-te da bela surpresa que me fizeste com um véu que portava o Taj Mahal?
Nostálgico, mergulho nas mornas águas da Mãe África, e enquanto elas me empurram rumo à superfície, lembro-me do nosso tempo único e irrepetível.
Aqui estou agora, à tua espera, nesta erma praia do Amor, onde as areias faíscam de ouro régio e é possível sonhar sereias e pégasos porque estas são as terras míticas e “abensonhadas” de Mia Couto.
Resisti em regressar a estas paragens onde nos amámos, mas um dia, dois moçambicanos que encontrei no Terreiro do Paço, mostraram-me fotografias de tandos e florestas, e de mulheres e de homens de África com seus belos torsos nus, em tudo semelhantes àqueles que no Sudão fizeram a paixão de Riefenstahl, a fotógrafa maldita, e eu não resisti e obedeci ao chamamento da saudade.
A minha pele tisnada e crestada pelo Sol africano, assemelha-se à destes Hércules, e mal consigo entreabrir os olhos para admirar o mar que tenho a meus pés, que vibra em miríades de centelhas de prata, tal a intensidade do astro-rei que parece ancorado nos espelhos de claridade deste céu infinitamente opalino e transparente.(…)
Peregrino, in “O Templo das palavras Esquecidas)
Peregrino, in "O Templo das Palavras Esquecidas"